Quarteto de Cordas brilha no Festival Internacional de Campos do Jordão
Por Redação EmCampos - 16 de julho de 2012
A mudança da direção do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão para a Fundação Osesp intensificou o trabalho da orquestra dos bolsistas, sem abrir mão da qualidade na programação.
Seguindo o modelo dos grandes festivais internacionais, a Orquestra do Festival trabalha com regentes diferentes e prepara um programa diverso a cada semana.
O grupo é concentrado e faz música com vontade. Dirigido por Giancarlo Guerrero, o repertório da semana passada propunha notáveis desafios rítmicos.
“Ínguesu”, obra de 2003 do mexicano Enrico Chapela, que estava presente no auditório, inspira-se na final da Copa das Confederações, de 1999, quando a seleção de futebol, treinada por Wanderley Luxemburgo, perdeu para o time do México por 4×3.
A teatralidade se resume à cena da expulsão do zagueiro brasileiro João Carlos (um trombonista) pelo árbitro-maestro.
Não há humor gratuito. E a habilidade musical de Chapela se afirma mesmo para quem tenha apagado qualquer lembrança do jogo.
O destaque da noite, porém, foi Johannes Moser, violoncelista convidado a solar o concerto de Dvorák: sonoridade quente, silêncios cuidadosamente construídos, virtuosismo elegante.
ERUDITO E POPULAR
No dia anterior, o show foi da Jazz Sinfônica, que contou com regência eficiente de João Maurício Galindo e solos do pianista-compositor André Mehmari. A Jazz é hoje um grupo em que cada um dos integrante sabe exatamente o que fazer.
A parte dedicada a figuras centrais do jazz foi um pouco longa, mas isso não tirou o brilho do espetáculo. Um dos pontos altos foi o “Concerto Chorado”, de Mehmari, tanto pela sofisticação da escrita como pela interação entre pianista e orquestra.
No final da tarde de sábado, quem se apresentou foi o Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo –definitivamente, um dos nossos grupos estáveis mais preciosos.
Quem sentou ao fundo da Capela do Palácio não conseguiu ver o quarteto.
Bastou, entretanto, ouvir a doçura de Betina (violino), a alegria de Nelson (violino), a serenidade de Robert (cello) e as seriedades musicais do brincalhão Marcelo (viola).
Fizeram um delicado “Quarteto nº 1”, de Osvaldo Lacerda, acentuaram os contrastes na “Sonata Burrico de Pau”, de Carlos Gomes, e ratificaram a genial equação erudito-popular do “Quarteto nº 5”, de Villa-Lobos.
Orquestra Jazz Sinfônica com André Mehmari e João Maurício Galindo
AVALIAÇÃO bom
Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo
AVALIAÇÃO ótimo
Orquestra do Festival com Johannes Moser e Giancarlo Guerrero
AVALIAÇÃO bom